segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A dor e a delícia de ser repórter esportivo

João Vítor Reis e Thaiane Mariano Ferreira

O que é preciso para ser um bom repórter esportivo? E quais as diferenças na forma de conduzir o trabalho do repórter nas mais variadas plataformas comunicativas? Esses questionamentos foram os norteadores dos debates da segunda mesa do Controversas, com os repórteres Gabriel Fricke, do Globoesporte.com, e Marcos Carvalho, do SporTV, e mediação do jornalista Roberto Falcão.

Gabriel Fricke começou contando seu real objetivo quando ingressou na carreira de jornalista: trabalhar no rádio. Conseguiu oportunidades no meio  e depois em uma assessoria de imprensa. Posteriormente, foi contratado para fazer parte da equipe de esportes olímpicos do Globoesporte.com. Marcos Carvalho admitiu que sempre teve preferência pelo jornalismo esportivo, porém isso não o impediu de iniciar a carreira em outros setores do jornalismo da Rede Record. Aceitou a missão porque, segundo o próprio Marcos, desafios o estimulam.

Gabriel disse que o primeiro passo para alcançar a excelência na profissão é estar sempre bem informado. Além disso, ele recomendou a busca de informações onde ninguém está procurando e o uso de formatos menos usuais de divulgação de conteúdo, como vídeos na internet.

Marcos sugeriu aos aspirantes a jornalistas que decidam logo a área na qual pretendem atuar. Desse modo, já podem começar a absorver o que é mais importante para a própria formação. Entretanto, ressaltou que é primordial saber fazer jornalismo em geral. Ainda enfatizou que o bom profissional deve ter resiliência e lembrou que, apesar de as redações cobrarem a informação que todos têm, também demandam conteúdos exclusivos.

Ambos pontuaram algumas diferenças entre as diferentes plataformas noticiosas. Quando o ofício é executado na televisão, valoriza-se a parceria, com a tendência de cada indivíduo realizar uma tarefa específica. Nas demais plataformas, incluindo a on-line, predomina o trabalho individual, com uma única pessoa exercendo diferentes funções.


Leveza X superficialidade – Uma das questões colocadas pelo mediador Roberto Falcão foi a superficialidade do jornalismo esportivo. Muitos acreditam que a cobertura da área não requer detalhamento e investigação. Para Marcos, esse tipo de jornalismo deve ser leve, mas  não superficial. É importante que o conteúdo tenha a capacidade de emocionar e causar empatia. 

Gabriel ressaltou a necessidade de “sair da caixinha”, no cotidiano da profissão. No site do Globo Esporte, por exemplo, não se fazem mais crônicas esportivas antes dos clássicos. Em vez disso, os editores veiculam imagens, vídeos e estatísticas.

Outra ferramenta importante, ainda segundo o repórter do Globoesporte.com, é o uso  das redes sociais. O feedback rápido, promovendo uma maior interação com o público, favorece a abordagem de assuntos variados. Um exemplo é o compartilhamento de informações durante os jogos de futebol. O internauta, ao expor sua opinião em tempo real, acaba por acrescentar um viés para a história que o veículo está contando, de acordo com Gabriel.

O Selfie Olímpico é um projeto criado com a participação de Gabriel no Globoesporte.com, com o objetivo de apresentar ao público um lado pouco conhecido dos atletas olímpicos. Por meio de fotos descontraídas, os atletas se expõem de forma mais pessoal, contando sobre  paixões e hobbies, dentre outras coisas. Juliana Veloso dos saltos ornamentais; Marcos D'Almeira, do tiro com arco; e Victor Panalber, do judô, já foram personagens do projeto. Trata-se de outro exemplo de como o jornalismo esportivo tem apostado em novos formatos.

Roberto Falcão pediu para os entrevistados falarem sobre a rotina pesada da profissão e do lado positivo. Em um primeiro momento, Marcos destacou os sacrifícios, como a perda dos finais de semana e feriados, e as  crises econômicas que afetam as redações. Mas disse também que jornalismo é prazeroso. Chegou a brincar dizendo que as pessoas que optam pelo ofício em geral não buscam em primeiro lugar qualidade de vida e dinheiro. Para ele, que quem escolhe o jornalismo gosta de contar histórias, conhecer gente diferente e, principalmente, crescer como ser humano.

Sobre prazeres da profissão, Gabriel expôs a alegria de ter gerado, em função de uma matéria, dois patrocínios para um esportista. “Ver os sorrisos e a vida das pessoas mudando compensa as situações ruins”, comentou. 


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