A dor e a delícia de ser repórter esportivo
O que é preciso para ser um bom repórter esportivo? E quais
as diferenças na forma de conduzir o trabalho do repórter nas mais variadas
plataformas comunicativas? Esses questionamentos foram os norteadores dos
debates da segunda mesa do Controversas, com os repórteres Gabriel Fricke, do
Globoesporte.com, e Marcos Carvalho, do SporTV, e mediação do jornalista
Roberto Falcão.
Gabriel Fricke começou contando seu real objetivo quando
ingressou na carreira de jornalista: trabalhar no rádio. Conseguiu
oportunidades no meio e depois em uma assessoria
de imprensa. Posteriormente, foi contratado para fazer parte da equipe de
esportes olímpicos do Globoesporte.com. Marcos Carvalho admitiu que sempre teve preferência pelo
jornalismo esportivo, porém isso não o impediu de iniciar a carreira em outros
setores do jornalismo da Rede Record. Aceitou a missão porque, segundo o
próprio Marcos, desafios o estimulam.
Gabriel disse que o primeiro passo para alcançar a
excelência na profissão é estar sempre bem informado. Além disso, ele recomendou
a busca de informações onde ninguém está procurando e o uso de formatos menos
usuais de divulgação de conteúdo, como vídeos na internet.
Marcos sugeriu aos aspirantes a jornalistas que
decidam logo a área na qual pretendem atuar. Desse modo, já podem começar a absorver o que é mais importante
para a própria formação. Entretanto, ressaltou que é primordial
saber fazer jornalismo em geral. Ainda enfatizou que o bom profissional deve
ter resiliência e lembrou que, apesar de as redações cobrarem a
informação que todos têm, também demandam conteúdos exclusivos.
Ambos pontuaram algumas diferenças entre as diferentes
plataformas noticiosas. Quando o ofício é executado na televisão, valoriza-se a
parceria, com a tendência de cada indivíduo realizar uma tarefa específica. Nas
demais plataformas, incluindo a on-line, predomina o trabalho individual, com
uma única pessoa exercendo diferentes funções.
Leveza X superficialidade – Uma das questões colocadas pelo
mediador Roberto Falcão foi a superficialidade do jornalismo esportivo. Muitos
acreditam que a cobertura da área não requer detalhamento e investigação. Para
Marcos, esse tipo de jornalismo deve ser leve, mas não superficial. É importante que o conteúdo
tenha a capacidade de emocionar e causar empatia.
Gabriel ressaltou a necessidade de “sair da caixinha”, no
cotidiano da profissão. No site do Globo Esporte, por exemplo, não se fazem
mais crônicas esportivas antes dos clássicos. Em vez disso, os editores veiculam
imagens, vídeos e estatísticas.
Outra ferramenta importante, ainda segundo o repórter do Globoesporte.com, é o uso das redes sociais. O feedback rápido, promovendo
uma maior interação com o público, favorece a abordagem de assuntos variados. Um
exemplo é o compartilhamento de informações durante os jogos de futebol. O
internauta, ao expor sua opinião em tempo real, acaba por acrescentar um
viés para a história que o veículo está contando, de acordo com Gabriel.
O Selfie Olímpico é um projeto criado com a participação de
Gabriel no Globoesporte.com, com o objetivo de apresentar ao público um lado
pouco conhecido dos atletas olímpicos. Por meio de fotos descontraídas, os
atletas se expõem de forma mais pessoal, contando sobre paixões e hobbies, dentre outras coisas. Juliana Veloso dos saltos ornamentais;
Marcos D'Almeira, do tiro com arco; e Victor Panalber, do judô, já foram
personagens do projeto. Trata-se de outro exemplo de como o jornalismo
esportivo tem apostado em novos formatos.
Roberto Falcão pediu para os entrevistados falarem sobre a
rotina pesada da profissão e do lado positivo. Em um primeiro momento, Marcos
destacou os sacrifícios, como a perda dos finais de semana e feriados, e as crises econômicas que afetam as redações. Mas
disse também que jornalismo é prazeroso. Chegou a brincar dizendo que as
pessoas que optam pelo ofício em geral não buscam em primeiro lugar qualidade
de vida e dinheiro. Para ele, que quem escolhe o jornalismo gosta de contar
histórias, conhecer gente diferente e, principalmente, crescer como ser humano.
Sobre prazeres da profissão, Gabriel expôs a alegria de ter
gerado, em função de uma matéria, dois patrocínios para um esportista. “Ver os
sorrisos e a vida das pessoas mudando compensa as situações ruins”, comentou.
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