domingo, 2 de outubro de 2016

A experiência internacional de um jovem jornalista multimídia

Luísa Silveira de Araújo

Do seu quarto de hotel em Paris, onde estava para a cobertura da Eurocopa pelo SporTV, Colin Vieira posicionou a tela do seu laptop de um jeito que captasse a imagem da Torre Eiffel. “Não foi pra tirar onda, foi pra compor o cenário e ficar bacana”, disse ele, chamando a atenção para o monumento iluminado.

Já era madrugada na capital francesa quando o professor João Batista de Abreu, no palco do auditório Interartes, começou a conversa via Skype com seu ex-aluno, formado em 2009. Sem problemas com a conexão, Colin falou por cerca de 40 minutos sobre sua trajetória, desde a graduação até suas conquistas profissionais mais recentes.

A Europa já havia sido sua casa quando, aos 19 anos, o então estudante fez um intercâmbio na França. A experiência, além de lhe proporcionar o domínio da língua – que mais tarde abriria portas em sua carreira, como a própria cobertura da Eurocopa –, ensinou-lhe a lidar melhor com pessoas de culturas diferentes.

Em seu currículo constam eventos como os Jogos Olímpicos em Londres (2012), Copa do Mundo no Brasil (2014), Jogos Pan-Americanos no Canadá (2015) e, em breve, as Olimpíadas no Rio de Janeiro (2016), que começa no dia 5 de agosto. Atualmente, como editor do SporTV, Colin é o que se pode chamar de profissional multimídia.

Entretanto, para chegar nessa posição, ele teve de passar por muitos trabalhos que definiu como “importantes, mas bem chatos e braçais”.

Com seu jeito espontâneo, e sabendo que falava para jovens estudantes, Colin entusiasmou e divertiu a plateia pela maneira como relatava sua experiência. Todo mundo riu, por exemplo, quando ele destacou a importância do curso de jornalismo na sua formação e deu um exempo: “os textos da Sylvia Moretzsohn, eu nem sei se ela está aí me vendo, na época eu lia e não entendia nada, mas depois eu vi como eram importantes”.

Estimulado pelo professor João Batista, falou também da importância de sua relação com o jornalista Teixeira Heizer, recentemente falecido: “Eu frequentava a casa dele, ficava ouvindo as histórias que ele contava, os conselhos, ele me estimulou muito a seguir essa carreira”.

Colin lembrou de seu primeiro trabalho no exterior, as Olimpíadas em Londres: “Tudo acontece ao mesmo tempo, é muito rápido, desesperador”. Sentiu muita pressão, pensando na responsabilidade de levar toda aquela informação a milhões de brasileiros. Foi um impacto que o ajudou imensamente na carreira. Hoje, bem mais experiente, o ritmo, que há alguns anos era um desafio, é encarado com mais facilidade. A capacidade de dialogar com pessoas de diversas funções e de estar sempre aberto a discussões, além da grande consciência da responsabilidade do trabalho jornalístico, são características que ele aprendeu a cultivar na universidade e que o ajudam no seu cotidiano profissional.

Trabalhar no exterior é uma experiência totalmente diferente já que cada país tem sua própria cultura, seus próprios hábitos e também sua própria maneira de fazer notícia. Colin assinalou que em eventos essencialmente estrangeiros, como a Eurocopa – que apesar da grande audiência no Brasil não conta com atletas brasileiros – os repórteres locais se preocupam quase exclusivamente em cobrir o esporte, enquanto os estrangeiros têm um olhar diferenciado sobre o lugar, detalhando o máximo do contexto e do local para o público, muitas vezes não familiarizado com as cidades nas quais ocorrem esses eventos.

Talvez por isso seja fácil ver jornalistas correspondentes falando exatamente onde estão, qual a temperatura do dia e mesmo citando hábitos locais que pareçam estranhos ao público. Mas Colin disse que gosta mais de cobrir competições com atletas brasileiros, pois o senso de responsabilidade aumenta, já que existe uma pressão maior para ser o primeiro a entregar a notícia, sempre mirando em um alto padrão de qualidade.

Trabalhar em diferentes áreas na cobertura de eventos esportivos nem sempre é fácil. A dica de Colin é manter o entusiasmo, não importa se a cobertura é de grandes eventos esportivos na Europa ou no Canadá (sede dos últimos Jogos Pan-Americanos) ou dos jogos de futebol da Série B no Brasil. Hesitou em definir sua atividade preferida, mas no fim admitiu que o que mais gosta de fazer é coordenar a transmissão para veicular a matéria da melhor maneira possível.

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Este blog foi criado para divulgar e documentar a 11ª edição do Controversas, que compromete-se a discutir o fazer jornalístico em tempos de Olimpíadas e crise política. O evento será realizado no dia 5 de julho de 2016, na sala InterArtes, no Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS) da Universidade Federal Fluminense.

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