A experiência internacional de um jovem jornalista multimídia
Do seu quarto de hotel em Paris, onde
estava para a cobertura da Eurocopa pelo SporTV, Colin Vieira posicionou a tela
do seu laptop de um jeito que captasse a imagem da Torre Eiffel. “Não foi pra
tirar onda, foi pra compor o cenário e ficar bacana”, disse ele, chamando a
atenção para o monumento iluminado.
Já era madrugada na capital francesa
quando o professor João Batista de Abreu, no palco do auditório Interartes, começou
a conversa via Skype com seu ex-aluno, formado em 2009. Sem problemas com a conexão,
Colin falou por cerca de 40 minutos sobre sua trajetória, desde a graduação até
suas conquistas profissionais mais recentes.
A Europa já havia sido sua casa
quando, aos 19 anos, o então estudante fez um intercâmbio na França. A
experiência, além de lhe proporcionar o domínio da língua – que mais tarde
abriria portas em sua carreira, como a própria cobertura da Eurocopa –, ensinou-lhe
a lidar melhor com pessoas de culturas diferentes.
Em seu currículo constam eventos como
os Jogos Olímpicos em Londres (2012), Copa do Mundo no Brasil (2014), Jogos
Pan-Americanos no Canadá (2015) e, em breve, as Olimpíadas no Rio de Janeiro
(2016), que começa no dia 5 de agosto. Atualmente, como editor do SporTV, Colin
é o que se pode chamar de profissional multimídia.
Entretanto, para chegar nessa
posição, ele teve de passar por muitos trabalhos que definiu como “importantes,
mas bem chatos e braçais”.
Com seu jeito espontâneo, e sabendo
que falava para jovens estudantes, Colin entusiasmou e divertiu a plateia pela
maneira como relatava sua experiência. Todo mundo riu, por exemplo, quando ele
destacou a importância do curso de jornalismo na sua formação e deu um exempo:
“os textos da Sylvia Moretzsohn, eu nem sei se ela está aí me vendo, na época
eu lia e não entendia nada, mas depois eu vi como eram importantes”.
Estimulado pelo professor João
Batista, falou também da importância de sua relação com o jornalista Teixeira
Heizer, recentemente falecido: “Eu frequentava a casa dele, ficava ouvindo as
histórias que ele contava, os conselhos, ele me estimulou muito a seguir essa
carreira”.
Colin lembrou de seu primeiro
trabalho no exterior, as Olimpíadas em Londres: “Tudo acontece ao mesmo tempo, é
muito rápido, desesperador”. Sentiu muita pressão, pensando na responsabilidade
de levar toda aquela informação a milhões de brasileiros. Foi um impacto que o
ajudou imensamente na carreira. Hoje, bem mais experiente, o ritmo, que há
alguns anos era um desafio, é encarado com mais facilidade. A capacidade de
dialogar com pessoas de diversas funções e de estar sempre aberto a discussões,
além da grande consciência da responsabilidade do trabalho jornalístico, são
características que ele aprendeu a cultivar na universidade e que o ajudam no
seu cotidiano profissional.
Trabalhar no exterior é uma
experiência totalmente diferente já que cada país tem sua própria cultura, seus
próprios hábitos e também sua própria maneira de fazer notícia. Colin assinalou
que em eventos essencialmente estrangeiros, como a Eurocopa – que apesar da
grande audiência no Brasil não conta com atletas brasileiros – os repórteres
locais se preocupam quase exclusivamente em cobrir o esporte, enquanto os
estrangeiros têm um olhar diferenciado sobre o lugar, detalhando o máximo do
contexto e do local para o público, muitas vezes não familiarizado com as
cidades nas quais ocorrem esses eventos.
Talvez por isso seja fácil ver
jornalistas correspondentes falando exatamente onde estão, qual a temperatura
do dia e mesmo citando hábitos locais que pareçam estranhos ao público. Mas
Colin disse que gosta mais de cobrir competições com atletas brasileiros, pois o
senso de responsabilidade aumenta, já que existe uma pressão maior para ser o
primeiro a entregar a notícia, sempre mirando em um alto padrão de qualidade.
Trabalhar em diferentes áreas na
cobertura de eventos esportivos nem sempre é fácil. A dica de Colin é manter o
entusiasmo, não importa se a cobertura é de grandes eventos esportivos na Europa
ou no Canadá (sede dos últimos Jogos Pan-Americanos) ou dos jogos de futebol da
Série B no Brasil. Hesitou em definir sua atividade preferida, mas no fim admitiu
que o que mais gosta de fazer é coordenar a transmissão para veicular a matéria
da melhor maneira possível.
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